terça-feira, 9 de junho de 2009
ENTREVISTA - VALÉRIA RISTICCI - BIÓLOGA - ATUA E MONITORA A ÁGUA NO MÉDIO TIETÊ - CABREÚVA ATÉ BARRA BONITA
VALERIA MIGUEL RUSTICCI
DEPTO DE MEIO AMBIENTE DO SERVIÇO AUTÔNOMO DE AGUAS E ESGOTOS DE ITU
Valéria M Rusticci é Diretora do Departamento de Águas e Esgotos do Municípoio de Itu e foi a idealizadora e coordenadora da implantação do gerenciamento pleno dos resíduos sólidos urbanos de Itu, incluindo Gerenciamento dos resíduos domiciliar, comercial e industrial.
Coordenou o Programa de Coleta Seletiva de Itu, executado pela COMAREI – Cooperativa de Materiais Recicláveis de Itu e foi responsável pela implantação do programa de Educação Ambiental para uso racional da água e programa de saneamento de Itu.
Executou o Programa de Educação Ambiental e Gerenciamento Operacional de Cooperativas de Materiais Recicláveis nas Cidades de Mairinque e Guarujá.
Atualmente, coordena os Programas da Fundação SOS Mata Atlântica, Centro de Educação Ambiental da Estrada Parque, Programa de Mobilização Ambiental, Observando os rios Sorocaba e Médio Tietê, de Cabreúva até Barra Bonita e coordena o Programa de Educação Ambiental Água das Florestas Tropicais.
Na impossibilidade de nos deslocarmos até Itú, Salto e região, a Sra. Valéria Rusticci nos foi indicada pela Fundação SOS Mata Atlãntica, pois ela é quem coordena os grupos de monitoramente da qualidade da água na região do Médio Tietê, de Cabreúva até Barra Bonita, portanto, fonte fundamental, pois a imprensa tem noticiado que é na região que já se percebe os resultados positivos do Projeto Tietê.
A Sra. Valéria Rusticci nos cedeu esta entrevista por email, em 09 de junho de 2009.
Por João Elias
01- Desde quando você está envolvida com o Projeto Tietê?
Desde 2000, quando participei de um grupo de monitoramento no ponto da Estrada Parque Itu e desde então, estou envolvida em questões ambientais e de sustentabilidade.
02- O que a levou a se envolver com questões ambientais?
Minha adolescência ocorreu na época da retomada da democratização, com a promulgação da Constituinte em 1988 e a realização da Rio 92.
Eu tinha alguns professores muito envolvidos com a causa social e ambiental na época que e fui me encantando pelo tema, pelas causas ambientais e após o término do ensino médio, decidi fazer Ciências Biológicas para trabalhar na área de conservação ambiental.
Sou voluntária desde meus 17 anos e pude presenciar a Eco 92 e de lá para cá, participo da militância ambiental e agora, como profissional ambiental.
03- Você atua em Itu e Salto?
Desde que fui contratada pela SOS Mata Atlântica, tenho coordenado o trabalho de 36 grupos de monitoramento da bacia do Médio Tietê, que vai de Cabreúva até Barra Bonita, abrangendo também a bacia do rio Sorocaba, um importante afluente do Tietê e os grupos estão distribuídos por estas cidades todas.
04- Qual a sua atuação e como se dá, o que realmente faz em relação ao Projeto Tietê?
Como mencionei, coordeno todos esses grupos, todos membros da SOS, na sua maioria, alunos de ensino médio e ou universitários, para que estejam preparados e mobilizados durante todo o mês.
Os grupos coletam a água mensalmente e fazem as análises, de acordo com a metodologia da Rede das Águas (Kit SOS).
As atividades que eles realizam é de fundamental importância, pois fortalece a idéia da gestão, da participação e principalmente da preservação dos recursos hídricos nas bacias que controlam, e mais, atre o olhar para os acontecimentos e todos estão de olho não só na água, mas com tudo que está relacionado a preservação da natureza, as agressões e impactos ambientais que presenciam.
São fiscais da natureza, espalhando a importância de cuidarmos melhor "do nosso quintal".
05- Quais os resultados positivos que o Projeto Tietê já trouxe e que é percebido em Itu e Salto principalmente?
O monitoramento em Itu começou em 2000 e posso dizer que até 2003 o Tietê apresentava uma qualidade muito ruim NOVE meses por ano.
Hoje, em 2009, temos avançado bastante na qualidade e podemos considerar que a qualidade das águas é aceitável NOVE meses por ano.
Isto nos faz acreditar que os investimentos do Projeto, nas obras realizadas na Região Metropolitana de São Paulo já pode ser percebida sim neste trecho do rio.
Nos ponto de Itu, as corredeiras é que auxiliam na oxigenação e melhoria da qualidade da água e isto ocorre durante nove meses e nos outros três meses é a época da estiagem, diminuindo a força da água e a força das corredeiras e o rio fica mais calmo.
Em Salto é melhor ainda e antes de chegar a foz do rio Jundiaí, podemos notar que as corredeiras da Estrada Parque também colaboram na oxigenação e diluição da poluição e a qualidade se mantêm aceitável o ano inteiro.
Desta forma, posso afirmar que a tendência é melhorar cada vez mais e quanto mais esgoto for coletado e tratado em São Paulo, melhor será para o interior e para o Tietê como um todo.
06- Em Pirapora, pessoas que moram às margens do Tietê são contra o Projeto, pois alegam que se o Tietê ficar limpo, serão tirados de lá, para dar lugar para os Condomínios de luxo.
Na região onde atua, existem pessoas contrárias ao Projeto na região? Se sim, quem são e o que alegam?
Não, não existem, pelo menos esta informação nunca chegou até nenhum dos 36 grupos que coordeno. Todos estão empenhados e conscientes dos ganhos que um rio saudável trará para toda a sociedade.
07- É verdade que a mancha de poluição já reduziu uns 120 Km?
Acredito que sim, pois nosso contato com os grupos da cidades de Porto Feliz e Tietê nos dizem que todos os anos assistem a PIRACEMA acontecer e isso indica que o rio volta a ter vida, que os cardumes de peixes estão cada vez mas perto, avançando no sentido da Capital. Infelizmente não consegui uma foto da piracema para enviar.
Em Porto Feliz a pesca voltou e por lá, segundo os grupo, não se pescava a muitos anos.
08- Em Itu e Salto, desde que ano não se pesca? Quando os peixes deixaram de aparecer?
Desde 1980 que não se pesca na região.
09- A imprensa noticiou que a pesca voltou em Itu? Isto é verdade?
É verdade sim, tem alguns corajosos pescando por aqui, porém, a Cetesb ainda alerta que não dispõe de informações suficientes para atestar que o peixe é de boa qualidade para o consumo, pois a água ainda está contaminada, não está totalmente limpa.
10- Quanto as margens do Tietê, a população tem acesso ao rio ou é como em São Paulo, onde as marginais impedem esta aproximação?
Aqui os acessos estão preservados, inclusive com muita mata ciliar protegendo o rio.
11- Você acredita que o despoluição do Tietê trará que tipos de melhorias para a região?
A melhoria no abastecimento de água potável já seria suficiente, mas sabemos que tem muitas outras coisas importantes ligadas ao Tietê vivo, limpo, com saúde.
Postado por João Elias, em 09 de junho de 2009.
sábado, 6 de junho de 2009
ENTREVISTA - ANDREA FERREIRA - SABESP
Andrea Ferreira - Gerente do Depto de Planejamento e Controle - TGC
SABESP - Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo
Entrevista cedida em 05 de junho de 2009
Por João Elias
Foto: João Elias
O1- Fale um pouco do envolvimento da Radio Eldorado e da SOS Mata Atlântica com o Projeto Tietê. Como elas atuam e como se dá à parceria com a Sabesp?
Eles estão envolvidos desde antes do Projeto e hoje, acompanham o Projeto de muito perto e nos cobram resultados.
Eles estão no Projeto antes do Projeto existir, pois foram eles que iniciaram as ações que geraram o abaixo assinado pedindo pela despoluição do Tietê.
Não sabemos do dia a dia deles e sabemos que ambos estão atuantes e de olho não só no Tietê com em outros grande projetos ambientais.
02- Quanto ao trabalho de monitoramento da água realizado pela SOS, a Sabesp recebe os informativos ? Se sim, o que a Sabesp faz diante dos resultados?
Não, nós temos mecanismos próprios e as análises em nossos laboratórios.
Sem que realizam um trabalhao de Educação Ambiental muito eficiente.
03- No que se refere à educação ambiental, o que a Sabesp tem realizado?
A Sabesp realiza várias ações em várias frentes, temos o Clubinho Sabesp que conscientiza crianças, enfim, o Depto de Marketing tem feito grandes avanços neste sentido.
04- Como a Sabesp analisa o atraso nas obras e o não cumprimento dos prazos ? Porque isto ocorreu?
Uma grande obra requer planejamento, estudos de impacto ambiental, desapropriações e tivemos que aguardar os financiamentos.
Assim que tudo foi resolvido, o Projeto decolou e segue num ritmo muito bom.
05- Vocês ficaram sabendo sobre a existência de peixe na região de Itú e Salto? A Sabesp enviou alguém nas cidades para checarem a informação?
Acompanhamos pela imprensa e é um bom sinal de que estamos no caminho e nos próximos anos as coisas serão mais perceptíveis. Aos poucos chegaremos nos objetivos que motivaram esta obra grandiosa.
06- Quanto a diminuição da mancha de poluição, como era e como está hoje?
Dizem que recuou 120 Km, que bom e quanto maior o volume de esgoto que conseguirmos coletar e tratar, mais esta mancha irá recuar e no final da terceira etapa, que inicamos agora em 2009, com previsão de término para 2015, ela deverá recuar mais uns 40 Km.
07- Diante dos resultados positivos já obtidos, o que a Sabesp faz com as informações?
Continuamos trabalhando e sabemos que este é o caminho, porém, tem muita coisa pra fazer, já estamos pensando na quarta etapa do Projeto...e esta obra não terá fim.
08- Dizem que em 2011 ou 2012 já teremos peixe no rio Pinheiros. A Sabesp acredita nesta afirmação? Se não, quando isto deverá ocorrer?
Não e certamente não foi daqui que saiu esta informação. Acreditamos que um dia isto acontecerá mas em 3 ou 4 anos isto será impossível.
09- Como a Sabesp analisa o descaso com nossos mananciais, principalmente a Guarapiranga e a Billings? Porque permitiram que a situação chegasse ao ponto que está, a população morando praticamente dentro da Represa?
É lamentável e é uma responsabilidade das Prefeituras.
Nós temos sérias dificuldades para atuarmos nessas regiões e muitos domicilios não estão ligados a rede de coleta, nos recebem mal e na região é até difícil de instarmos novas redes.
A situação é complicada, mas certamente encontrarão um caminho para que tudo se resolva bem.
09.1- Porque nada foi feito quando perceberam que as pessoas estavam invadindo essas áreas?
Não nos envolvemos com questões que não nos compete e como disse, é uma responsabilidade das Prefeituras. A Sabesp fornece água e coleta esgoto.
10- Quanto à afirmação de que o Tietê estará despoluído em 25 ou 30 anos. A Sabesp acredita neste prazo ou qual seria o prazo cogitado pela alta cúpula?
Não nos preocupamos com datas, mas sim com trabalho e sabemos sim que isto ocorrerá e se a sociedade nos ajudar, o prazo diminui.
Precisamos ligar o maior número possível de residências a rede coletora de esgoto, tratá-lo, antes de lançá-lo em qualquer rio.
11- A imprensa divulgou que tínhamos perto de 1.250 indústrias poluidoras do Tietê na RMSP e que esse número caiu para perto de 290.
Dizia à matéria que dentre essas indústrias estão shoppings e hipermercados, os quais não são monitorados. Porque isto ocorre?
Porque não monitorar, autuar, multar e fechar indústrias que não cumprem a lei?
A Cetesb é quem cuida desta questão e somente eles poderiam responder.
O que sabemos é que estão fazendo um bom trabalho e muita coisa é especulação da mídia, informações sem fundamento, sem confirmação.
12- Quanto as 1.250 indústrias, a mídia divulgou também que a carga de poluição diminuiu porque muitas dessas empresas foram embora de São Paulo ou fecharam e que somente 607 estão na região. O Projeto divulga informações falsas?
Sabemos que algumas empresas saíram, mas outras entram no lugar e isto ocorre em qualquer região.
13- A Cetesb diz que essas 290 indústrias deveriam ser monitoradas e que o BID destinou US$ 5 milhões para este fim, porém, isto não aconteceu e a Sabesp destinou este valor para outras obras do Projeto e que por esse motivo, em Dezembro de 2006, a Cetesb resolveu sair do Projeto, na sua segunda etapa.
Porque mudaram o destino da verba?
Se foi por necessidade, porque depois não deram continuidade a parceria com a Cetesb?
Nos temos tudo isto documentado e na verdade, repassaríamos US$ 2.8 milhões e a Cetesb entraria com os outros US$ 2.2.
Como não conseguiram dentro do prazo, a Sabesp aplicou o valor no Projeto.
14- Não seria prudente a Sabesp se entender com a Cetesb, visto a importância dos trabalhos que eles realizam e sabendo que o sucesso do Projeto também está ligado ao monitoramento dos efluentes das indústrias?
Isto já foi resolvido e a Cetesb está atuante, fazendo seu bom trabalho.
15- A imprensa divulga que agora o esgoto doméstico é o principal poluidor do Rio Tietê, somado ao lixo que é jogado nas ruas, o qual acaba chegando aos rios.
Porque então a Sabesp, a Secretaria de Saneamento, o Governo do Estado e a Prefeitura não realizam uma campanha forte e periódica na mídia local, nos horários nobres por exemplo?
O Depto de Marketing é quem cuida destas questões e sei que televisão custa muito dinheiro e preferimos investir em obras.
16- Quanto ao Projeto Tietê, porque não vemos o Projeto sendo divulgado na TV?
Investimos em obras de saneamento e a divulgação acontecerá expontaneamente.
Pode demorar um pouco, mas ela acontecerá.
17- A imprensa divulgou que alguns municípios não estão participando do Projeto. Isto é verdade? Quais são eles? E o que fazem com seu esgoto? São coletados e tratados?
Algumas são parceiras e algumas são autônomas. Tem empresa própria que cuida da Água e do Esgoto e algumas conseguem tratar 100% e outras não tratam nada e vai tudo direto para o rio.
18- Uma outra notícia que circulou foi sobre Guarulhos, dizendo que o município não trata 100% do seu esgoto e joga tudo no rio.
Isto é verdade? Isto não é um crime ambiental? Não é caso de polícia?
Dizia ainda a notícia, que depois de muita briga do Ministério Público, Guarulhos assinou um acordo para a universalização da coleta e tratamento do esgoto e que pediram um prazo de 30 anos. Isto é verdade?
A situação está regularizada e estaremos atuando com Guarulhos nas próximas etapas.
19- A imprensa divulgou também que com a ajuda do PAC, este prazo poderá cair para uns 5 anos e que a obra foi orçada em US$ 550 milhões e o PAC arcaria com metade desse valor.
Se o problema é dinheiro, isto não foi previsto no início do Projeto?
Como funcionou a estruturação do Projeto com relação aos municípios envolvidos, banhados pelo Tietê? Porque Guarulhos ficou de fora?
Os casos mais complicados tiveram atenção em separado e tudo está sendo muito bem resolvido. Não existe um Prefeito que não deseje coletar e tratar o seu esgoto e a Sabesp faz isto muito bem.
20- A imprensa divulgou também que em 2007, Itaquaquecetuba teve que apelar para o Ministério Público para obter ajuda da Sabesp e implantarem um plano específico para o Município, o qual só conseguia tratar 5% do seu esgoto. Isto é fato?
Qual a realidade de Itaqua hoje? A cidade é parceira do Projeto?
O esgoto está sendo encaminhado para a ETE de São Miguel?
Tivemos problemas iniciais, tudo foi resolvido e Itaqua faz parte da terceira etapa do Projeto. Realizaremos grandes obras por lá.
21- Uma outra notícia que circulou dizia que a Estação de Tratamento do ABC é sub utilizada e que poderia receber o esgoto que será levado para Barueri.
Diz a nota que construíram uma obra gigantesca na Marginal Pinheiros para levar o esgoto que era jogado no Rio Pinheiros para ser tratado em Barueri. Porque não é levado para o ABC?
ETE ABC atende o ABC e seria impossível levar o esgoto de Pinheiros até lá.
A distância pode ser menor, mas questões técnicas invializam esta operação e nossos engenheiros souberam equacionar esta questão e decidiu-se que Barueri seria o destino mais correto.
Com as intervenções feitas nas margens do Pinheiros, toda a região e a Billings serão beneficiadas e o esgoto deixa de ser lançado no Pinheiros, o qual já começará a sentir a melhora na qualidade da água.
22- Em 2015, no final da terceira etapa a Sabesp espera coletar que percentual da carga de esgoto - 92%? E quanto ao tratamento, qual será o percentual - 82%?
Estas são as expectativas e quem sabe, este percentual não poderá ser ainda maior.
Se a sociedade colaborar, vamos coletar e tratar um volume maior.
Estaremos ampliando as Estações e prontos para fazer nossa parte.
23- No caso do percentual coletado, se tudo estará ligado e funcionando, o que seria esse percentual faltante, os 8%? E quanto ao tratamento, o que seria esse percentual faltando de 18% que não será tratado?
São os domicílios que não estão ligados na rede e quanto ao tratamento, são regiões que não tem ligações que levem o esgoto para estações de tratamento.
24- Como e quando será a quarta etapa do Projeto?
Estamos em cima deste projeto, atuando forte na terceira etapa, porém, nos preparando para a quarta, a qual será divulgada em momento oportuno.
25- Existe algum projeto em andamento para quando o Tietê estiver limpo?
No caso da RMSP, as marginais impedem o acesso da população ao rio.
O que acontecerá com as Marginais?
Não é competência nossa e São Paulo precisa das marginais.
Sabemos que será iniciada uma obra inclusive, para construção de mais pistas.
Postado por João Elias, em 09 de Junho de 2009
quarta-feira, 27 de maio de 2009
ÁUDIOS DA RÁDIO ELDORADO SOBRE O PROJETO TIETÊ
Exposição destaca o Rio Tietê na Semana Mundial da Água
A mostra itinerante "Projeto Tietê" fica em cartaz no Palácio da Justiça de São Paulo.
http://int.limao.com.br/eldorado/audios!getPlayerAudio.action?destaque.idGuidSelect=C0209D9EAE684151A3246FC144CCF79B
Cidades que poluem o Tietê podem fazer parte da terceira fase do projeto de despoluição do rio
O projeto de despoluição do rio Tietê ganhou o prêmio Panamericano de Desenvolvimento Social.
http://int.limao.com.br/eldorado/audios!getPlayerAudio.action?destaque.idGuidSelect=169A40D358274D2A95D549D9FCE0599C
Flávio Perez, repórter da Eldorado, que percorreu o rio Tietê da nascente à foz, de Salesóplis...até a união do Tietê com o rio Paraná.
Acompanhe aqui o 1ºcapítulo da Série Especial: Expedição Tietê Século 21. O repórter Flávio Perez percorreu o Tietê da nascente a foz e traz neste especial, fatos e informações sobre o Rio mais conhecido de São Paulo.
http://int.limao.com.br/eldorado/audios!getPlayerAudio.action?destaque.idGuidSelect=8EB698F2FADC467395CC2A3B1D0612E6
Confira aqui o 2º capítulo da série especial: Expedição Tietê Século 21. A mancha de poluição do Tietê na região Metropolitana de São Paulo reduziu nos últimos anos, mas de maneira ainda insignificante.
http://int.limao.com.br/eldorado/audios!getPlayerAudio.action?destaque.idGuidSelect=90CC2E0B5EEF4768B45FDF43035D4CE4
Acompanhe o 3º capítulo da série especial: Expedição Tietê Século 21. Água doce é um recurso finito e deve ser preservado.
http://int.limao.com.br/eldorado/audios!getPlayerAudio.action?destaque.idGuidSelect=94475F359823433881A411C2EBD02FF5
Ouça o 4º capítulo da série especial: Expedição Tietê Século 21. A cana-de-açúcar é a principal fonte de renda das cidades banhadas pelo Tietê, na região Oeste de São Paulo.
http://int.limao.com.br/eldorado/audios!getPlayerAudio.action?destaque.idGuidSelect=E2B3784BE68840F9AE4298AC3AC6B3B3
Confira o 5º capítulo da série especial: Expedição Tietê Século 21. Cidade que sujam o Tietê, como Guarulhos buscam verbas do PAC para iniciar o tratamento do esgoto.
http://int.limao.com.br/eldorado/audios!getPlayerAudio.action?destaque.idGuidSelect=7E96AC53AE9A4CADBC29DFA8D5607F0A
Termina a Expedição Tietê do Século 21 em Itapura, interior de SP. O repórter Flávio Perez chegou à foz do principal rio de São Paulo, quando há encontro com o Rio Paraná.
http://int.limao.com.br/eldorado/audios!getPlayerAudio.action?destaque.idGuidSelect=04177832FBDC421DBBCCB9BFB8D8E610
Transporte de carga pela bacia Tietê cresce 6% no 1ºsemestre de 2008. O principal produto transportado pelo Rio Tietê é a soja. No entanto, especialista ressalta que o potencial da bacia é bem maior do que o utilizado atualmente.
http://int.limao.com.br/eldorado/audios!getPlayerAudio.action?destaque.idGuidSelect=D3AA5A591C374F4589897FD9E2150B7D
BID confirma repasse de US$600 milhões para a 3º fase do projeto de despoluição do Tietê.
http://int.limao.com.br/eldorado/audios!getPlayerAudio.action?destaque.idGuidSelect=DC93004D5B6647BE9784B28CC0D9071F
PLANETA comenta proposta de tornar Rio Tietê navegável. O objetivo da proposta do governo do Estado é criar um hidro anel metropolitano para o transporte de cargas.
http://int.limao.com.br/eldorado/audios!getPlayerAudio.action?destaque.idGuidSelect=7F0129DD06FB4D50B92D1B59878E2B14
Postado por João Elias, em 27 de maio de 2009.
sábado, 23 de maio de 2009
NOSSA VISITA AO "VIVA A MATA 2009"
Estivemos no dia 22 de maio de 2009, no "Viva a Mata", no Parque do Ibirapuera - SP, evento organizado pela Fundação SOS Mata Atlântica, especificamente para assistirmos a Palestra sobre o Projeto Tietê.
MARIO CESAR MANTOVANI - DIRETOR DE MOBILIZAÇÃO DA FUNDAÇÃO SOS MATA ATLÂNTICA
Abriu a palestra falando da participação da SOS no Projeto Tietê e frisou a importância da conscientização e participação da população no processo e da necessidade de uma educação ambiental mais efetiva.
ANDREA FERREIRA - RESPONSÁVEL PELO PROJETO TIETÊ NA SABESP
Falou sobre o Projeto Tietê, os números da primeira e segunda etapa, apresentou o que foi realizado até agora, os valores investidos e apresentou a terceira etapa do projeto, a qual tem prazo de término previsto para 2015.
Além desta palestra muito interessante, onde enriquecemos nosso conhecimento sobre esse projeto, vamos agora atrás de uma grande entrevista, aguardem!!!
Postado por João Elias e Ramon Vicente Ruiz Busiz, em 22 de maio de 2009.
Fotos: João Elias
MARIO CESAR MANTOVANI - DIRETOR DE MOBILIZAÇÃO DA FUNDAÇÃO SOS MATA ATLÂNTICA
Abriu a palestra falando da participação da SOS no Projeto Tietê e frisou a importância da conscientização e participação da população no processo e da necessidade de uma educação ambiental mais efetiva.
ANDREA FERREIRA - RESPONSÁVEL PELO PROJETO TIETÊ NA SABESP
Falou sobre o Projeto Tietê, os números da primeira e segunda etapa, apresentou o que foi realizado até agora, os valores investidos e apresentou a terceira etapa do projeto, a qual tem prazo de término previsto para 2015.
Além desta palestra muito interessante, onde enriquecemos nosso conhecimento sobre esse projeto, vamos agora atrás de uma grande entrevista, aguardem!!!
Postado por João Elias e Ramon Vicente Ruiz Busiz, em 22 de maio de 2009.
Fotos: João Elias
sábado, 16 de maio de 2009
ENTREVISTA - VINICIUS MADAZIO - NÚCLEO UNIÃO PRÓ-TIETÊ
Vinicius Madazio – Formado em Comunicação Social pela ESPM e Geografia pela USP. Educador Ambiental, atua na área desde 1997 e possui experiência em projetos desenvolvidos por ONGs ambientalistas e também na formação de professores, educadores e agentes multiplicadores. Na Fundação SOS Mata Atlântica, junto com Maria Luiza Ribeiro, é responsável pelo Programa Núcleo União Pró-Tietê e Observando o Tietê e pelo site Rede das Águas, braço da Fundação SOS Mata Atlântica na questão dos recursos hídricos.
Vinicius Madazio concedeu esta entrevista em 08 de Maio de 2009, na sede da Fundação SOS Mata Atlântica.
Por João Elias
Foto: João Elias
O1- Fale um pouco sobre o Núcleo União Pró-Tietê e como tudo começou?
Bem, em 1991, a Rádio Eldorado em conjunto com a BBC de Londres, fizeram um programa para falar da situação do Tietê, comparando com o Rio Tâmisa, em Londres, o qual já foi poluído e voltou a viver. Um repórter em cada rio, trocando informações e impressões.
A participação da sociedade impressionou, muitas ligações para a Rádio, muitos telefonemas, telegramas, cartas, enfim, todos querendo participar com idéias, críticas e sugestões e diante dessa grande resposta da população, a SOS Mata Atlântica criou o Núcleo União Pró-Tietê.
Junto com a Eldorado, resolveram então documentar esta manifestação, o que gerou um abaixo assinado de mais de 1.200.000 assinaturas, todos pedindo por atitudes em relação ao Tietê.
Com este documento em mãos, o Governo foi pressionado e se viu obrigado a dar uma resposta e nasce o “Projeto Tietê”, o maior projeto de saneamento, visando à despoluição do Tietê, um Projeto sob a responsabilidade da Sabesp – Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo.
02- Quais as responsabilidades do Núcleo União Pró-Tietê ? Como é sua atuação?
O Núcleo União Pró-Tietê é o parceiro do Projeto Tietê e ficou responsável pela educação ambiental e conscientização da sociedade e em 1993, já monitorava a água do Rio Tietê em 70 municípios.
Sabíamos que para o sucesso de um projeto deste porte seria necessário o envolvimento e participação da sociedade e foi idealizado um novo programa, o “Observando o Tiete”, para que as pessoas voltassem a entender o rio e percebessem os seus encantos e a sua importância.
A mobilização utiliza o monitoramento da qualidade da água dos rios como instrumento de sensibilização e inclusão social na gestão integrada dos recursos hídricos.
Hoje são aproximadamente 150 grupos, espalhados por todo o Estado de São Paulo, formados principalmente por alunos, professores, diretores de escolas, lideranças comunitárias, Ong’s, pesquisadores, enfim, todos voluntários, unidos e mobilizados em defesa do meio ambiente.
Os grupos se relacionam, trocando informações e experiências e periodicamente tem a oportunidade de se encontrarem nos eventos que realizamos.
Cada grupo é composto por várias pessoas e eles vão aumentando dia a dia e o mais importante é saber que somos muitos e estamos crescendo, nos multiplicando.
Os grupos voluntários recebem um curso/palestra de capacitação e kits completos de análise da água, os quais chegam a resultados confiáveis, muito próximos aos realizados em laboratórios.
São 150 pontos do Tietê em observação, desde a nascente até a sua foz e esses grupos fazem a coleta mensal da água, fazem a análise e enviam os resultados via internet, alimentando o banco de dados central do programa, à disposição no site www.rededasaguas.org.br
Pelo teste é analisado o oxigênio dissolvido, o nitrogênio amoniacal, fosfato, potencial hidrogeniônico, a demanda química em oxigênio, coliformes totais, coliformes fecais e ph.
Com este programa, parte da sociedade se mantêm envolvida e mobilizada e participam de forma ativa no processo da recuperação.
03- Hoje é dito que o principal poluidor do Tietê deixou de ser as indústrias e passou a ser o esgoto residencial sem tratamento e o lixo jogado nas ruas. No que se refere a educação ambiental, é percebido resultados positivos nas regiões onde estão atuando ? Estão conseguindo a mudança de atitudes e hábitos? As famílias tem cuidado melhor do lixo, tem optado pela reciclagem e coleta seletiva?
A população tem sim uma grande parcela de culpa na atual situação do rio, mas a mudança de costumes é muito complicada e muito lenta.
O tema tem uma importância vital e mereceria uma atenção maior do poder público e da mídia e aí sim, com campanhas periódicas, teríamos mudanças mais perceptíveis, em uma escala muito maior e não apenas atingindo os grupos ambientalistas que estamos formando.
As grandes empresas, os bancos estão cada vez mais se envolvendo com os problemas do meio ambiente e temos visto campanhas em todos os veículos, porém, todas falando em salvar o planeta e algumas adotando a defesa da Amazônia.
Essas empresas estão disseminando a idéia da reciclagem, usando papel reciclado, enfim, isto já é bastante positivo.
Quanto ao Tietê especificamente, infelizmente não temos visto nada, pois se existissem campanhas publicitárias neste sentido, os resultados e a conscientização aconteceriam mais rapidamente e seriam mais perceptíveis.
04- Na Capital de São Paulo, ainda nos deparamos com muita sujeira pelas ruas, córregos e rios. O Núcleo atua forte na Capital? Se sim, porque os resultados não são expressivos?
Como mencionamos, precisaríamos de uma maior participação do poder público e da mídia para atingirmos a sociedade.
Quando se fala em São Paulo, os números são astronômicos e é muito difícil resultados práticos apenas com os eventos e ações que realizamos.
05- Passados 17 anos do lançamento do Projeto Tietê, como o Núcleo analisa os resultados já obtidos?
Bem, as mudanças realmente estão acontecendo, novas estações de tratamento de esgotos construídas e algumas em construção, milhares de ligações de esgotos foram feitas e tudo sendo enviado para as estações e isto já é percebido no rio, na qualidade da água que analisamos mensalmente.
Sabemos que o Projeto Tietê terá que ser um programa contínuo, pois à partir do momento que as obras forem finalizadas ainda vai demorar um tempo para o rio voltar a viver.
Depois de vivo, as cidades continuarão crescendo, novas casas e prédios construídos, novas empresas, enfim, o poder público terá que continuar fazendo as ligações para coleta de esgoto e o devido tratamento.
06- Quanto a qualidade da água analisada pelo Núcleo, os resultados são satisfatórios? Que dados poderiam nos fornecer?
Sim, como mencionamos, estamos percebendo que realmente a qualidade da água do Tietê no interior está melhorando gradativamente, resultado já do Projeto Tietê.
As aves estão voltando, os peixes estão surgindo em pontos que não existiam mais, enfim, está tudo dando certo.
A população também precisa fazer a sua parte e colaborar não jogando lixo no rio, nas ruas, nos córregos e se conectando a rede de coleta de esgotos.
07- O que seria necessário neste momento para acelerarmos os resultados positivos?
Nos pontos onde são retiradas sujeira do Tietê, percebe-se que 30% do material é lixo que certamente foi jogado pelas ruas ou diretamente no rio; garrafas pet, pneus, papel, sacolas plásticas, embalagem de doces e salgadinhos e até animais domésticos mortos.
Quanto a coleta de esgotos, a população precisa se conectar a rede de esgotos e aqueles que ainda não tem ligação deveriam aderir e não o fazem porque sabem que a conta de água irá dobrar.
A Sabesp cobra a água que fornece e sabendo que ela retornará como água usada, água suja e esgoto, cobra também pela coleta.
No caso das classes menos favorecidas em São Paulo, a Sabesp poderia pensar em subsídios, estímulos para que um número maior aderisse.
É importante saber que cada R$ 1,00 gasto em saneamento, se economiza R$ 5,00 com saúde, portanto, é melhor gastar com saneamento do que com internações e medicamentos.
Agora, o problema não ocorre só com a classe menos favorecida não, pois tem grandes condomínios que optam por fossas nos seus terrenos.
Periodicamente contratam empresas para recolherem os dejetos e aí é que começa o problema, pois nem todas empresas são sérias e levam esses dejetos até as estações de tratamento, despejando em qualquer córrego pelo caminho.
08- A imprensa tem noticiado que em Itú e Salto já tem peixes. Esta informação é verdadeira?
Sim, sabemos que na cidade de Salto os peixes já estão voltando e se reproduzindo naquele trecho do Tietê e os pescadores já voltaram a atividade, paralisada em 1990, porém, consideramos isto um risco, pois a água naquela região ainda tem uma carga muito grande de poluentes, o que contamina os peixes, tornando a carne imprópria para o consumo humano.
09- Também saiu na imprensa que a mancha de poluição do Tietê está recuando. O Núcleo confirma esta informação?
Sim, a informação é real e a mancha já recuou até a Cidade de Anhembi e Salto e a tendência agora é ir recuando gradativamente e limpando o rio por completo.
10- Dizem que em 2011 ou 2012 já teremos peixe no rio Pinheiros. O Núcleo acredita nesta afirmação?
Não, este é um prazo muito curto e não acreditamos quem em dois ou três anos o Pinheiros volte a ter vida. Muita coisa ainda tem que ser feita e por enquanto acreditamos que somente as capivaras darão o ar da graça naquelas águas.
11- Além do Alto Tietê, o Núcleo acompanha a qualidade da água nos demais mananciais da Grande São Paulo, Guarapiranga, Billings e Cantareira?
Sim, tem grupos em cada um desses locais e estamos sempre nos envolvendo em campanhas, principalmente na Guarapiranga e Billings, as duas com maior problema de moradias irregulares.
Nas duas represas a qualidade da água vem piorando ano a ano, tendo em vista este aumento populacional, lixo e esgoto despejados diretamente nas suas águas.
No Alto Tietê a situação está sob controle, porém, os organismos tem que ficar de olho, pois em regiões próximas a Cantareira, iniciou-se uma especulação imobiliária e muito esgoto e lançado nos córregos sem nenhum tratamento.
12- O que o Núcleo poderia dizer quanto ao descaso com os mananciais, onde hoje a população mora praticamente dentro das represas Guarapiranga e Billings? O que deveria ser feito?
Na Guarapiranga já são mais de 800 mil pessoas no seu entorno e na Billings mais de 1 milhão e 200 mil pessoas.
Tardiamente, as autoridades estão tomando as providências e tirando essas pessoas dessas áreas, realocando em outros pontos da Cidade.
13- Quanto ao Projeto Tietê e as afirmações de que na Região Metropolitana de São Paulo, o Rio estará despoluído em 25 ou 30 anos. O Núcleo acredita nesta prazo?
Provavelmente o prazo será bem maior, pois ainda tem muita coisa a ser feita e a sociedade precisa fazer a sua parte.
A Sabesp fazendo a sua parte, coletando e tratando pelo menos 90% do esgoto residencial e industrial que chega ao Tietê, já resolverá boa parte do problema.
Feito isto, o rio não terá o mau cheiro de hoje, a água estará bem mais limpa, mas ainda terá muita sujeira, principalmente aquelas jogadas pelas ruas ou diretamente no rio.
Talvez isto mude dentro de uns 10 ou 15 anos, quando a população perceber que realmente o rio estará ressuscitando e neste momento, acreditamos que o envolvimento da mídia e da sociedade será maior.
O Governo e Prefeitura da época, certamente lançarão campanhas neste período e algumas empresas se envolverão e desta forma sim, tocará a população e ela irá participar mais efetivamente, pois perceberá os benefícios que o rio trará para as Cidades e para elas próprias.
Acreditamos que em 25 anos, em São Paulo o rio já uma água mais limpa, já poderá ter alguns peixes e poderemos ter alguns atrativos como passeios de barcos por exemplo, agora, ainda será impróprio para o nado e para a pesca por exemplo.
Postado por João Elias em 10 de Maio 2009
quinta-feira, 14 de maio de 2009
ENTREVISTA - PAULINA CHAMORRO - RÁDIO ELDORADO
Paulina é Jornalista especializada em comunicação ambiental, formada pela FMU-FIAM.
Trabalha a mais de dez anos na área sócio-ambiental e foi assessora da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica / UNESCO, articulando a comunicação nos 17 estados brasileiros que possuem o bioma.
Integrou a tripulação do Projeto Mar sem Fim, que percorreu do Oiapoque ao Chui a costa brasileira de veleiro, como repórter e produtora.
Foi responsável pela pesquisa de campo para o livro do renomado fotógrafo Araquém Alcântara, Mar de Dentro.
Hoje, está completando sete anos na Rádio Eldorado e é a Coordenadora de Meio Ambiente e Cidadania da emissora.
Desenvolveu diversas séries de reportagens especiais para a Rádio, com matérias investigativas, sempre com o foco no meio ambiente.
Paulina Chamorro concedeu esta entrevista em 11 de Maio de 2009, na Rádio Eldorado, em São Paulo.
Por João Elias
Foto: João Elias
O1- Fale um pouco do envolvimento da Radio Eldorado com o Projeto Tietê. Como tudo começou?
Na verdade, tudo aconteceu por acaso. Em conjunto, BBC de Londres e Rádio Eldorado, estávamos fazendo uma pauta normal, sobre meio ambiente, sobre a situação do Rio Tietê.
Após a inserção da matéria fomos surpreendidos com uma avalanche de ligações, cartas, telegramas, enfim, milhares de pessoas querendo falar, querendo se manifestar. Percebemos ali uma grande oportunidade de levarmos o assunto até o conhecimento das autoridades.
Em parceria com a Fundação SOS Mata Atlântica, vimos que deveríamos primeiro documentar tudo isto e tiveram a idéia do abaixo assinado e novamente, para nossa surpresa “a coisa” tomou um tamanho descomunal e chegamos a mais de 1.200.000 assinaturas, perto de 10% da população da Cidade, todos desejando vida ao Rio Tietê.
Diante deste protesto expressivo, o Governo decidiu se mexer a lançou o Projeto Tietê, o qual tentaria devolver o rio vivo novamente para a sociedade.
02- E nos dias de hoje, como é o envolvimento da Rádio? Existe um Depto ou pessoas responsáveis em acompanhar o Projeto? Se sim, quantas são e o que fazem?
Na verdade não temos uma equipe específica trabalhando em cima do Projeto Tietê. Estamos ligados e acompanhando tudo o que acontece e o que chega até nós, se for interessante, vamos checar, vamos cobrir.
No ano passado, 2008, lançamos a “Expedição Tietê Século XXI” e o repórter Flávio Perez percorreu os mais de mil quilômetros da extensão do Tietê, da nascente até a foz, isto tudo durante uma semana, de carro e bicicleta.
Tínhamos boletins diários e ele entrava ao vivo no ar e passava as suas impressões.
Enviava fotos e textos, falando sobre tudo o que presenciava em cada trecho do Tietê.
O objetivo era traçar um comparativo com 18 anos atrás e conhecer as expectativas para o rio neste século.
Hoje, nossa parceira, a SOS Mata Atlântica é que faz um acompanhamento mais de perto e monitoram a qualidade da água em diversos pontos do Tietê, com equipes voluntárias em quase 70 cidades.
A Eldorado lançou o Programa Planeta Eldorado, que vai ao ar aos Domingos, às 10h e aborda vários temas sobre meio ambiente e temos o “Continuamos de Olho”, boletins semanais na Eldorado AM e FM.
03- Existem equipes, repórteres visitando pontos do Rio periodicamente? Se sim, quais as regiões visitadas e qual a periodicidade?
Não, hoje a equipe é bem enxuta e trabalhamos em cima da notícia e se algo importante acontece e chega até nós, aí sim, enviamos uma equipe para cobrir.
Como mencionamos anteriormente, fizemos a expedição e tudo foi devidamente analisado, fotografado, relatado, um verdadeiro raio x da situação atual do Tietê e pode ser que façamos novamente e desta forma, estaremos acompanhando tudo que está acontecendo.
04- Após a visita, o que é feito? Relatam em um programa e vai ao ar?
Dependendo do ocorrido, a matéria poderá ser utilizada pela Rádio Eldorado AM e FM, nos Jornais e Sites do Grupo.
05- A Eldorado mantêm algum contato com os órgãos públicos envolvidos para apresentar críticas e sugestões? Se sim, como isto funciona e qual a respostas desses organismos?
As vezes ocorrem reuniões com a Sabesp, onde levamos os assuntos e vamos em busca de respostas para a sociedade. Quando outros órgãos nos convidam, uma equipe é deslocada para participar de eventos, seminários, fórum, enfim, se o assunto for interessante e estiver relacionado com o meio ambiente, alguma equipe da Eldorado estará lá.
06- No que se refere a educação ambiental, a Eldorado mantêm algum programa neste sentido? Se sim, como funciona, dia, horário?
Hoje temos o “Continuamos de Olho”, boletins semanais, sendo três na AM e três na FM.
No ano de 2000, lançamos em São Paulo, o “Pintou Limpeza”, um projeto visando basicamente a conscientização pela reciclagem e coleta seletiva do lixo, com boletins e informes que ecoam pelas ondas da emissora.
Os boletins passam dicas de atitudes individuais positivas para o meio ambiente, para o planeta e os ouvintes da rádio participam e interagem conosco via fone, email e por carta.
São oito boletins diários, sendo quatro na AM e quatro na FM.
Distribuímos kits para Escolas e Empresas interessadas, as quais ganhas as lixeiras ecologicamente corretas para a coleta seletiva.
Este projeto ganhou até um site www.pintoulimpeza.com.br
A Eldorado lançou também o Programa Planeta Eldorado, que vai ao ar aos Domingos, às 10h e aborda vários temas sobre meio ambiente.
07- Como a Eldorado analisa os resultados do Projeto Tietê?
São bastante positivos, tem muita coisa ainda por fazer, mas o que já fizeram já mostra resultados super positivos. Imagine então, quando estiverem finalizando o projeto e a grande maioria do esgoto sendo coletado e tratado antes de ser lançado nos rios.
Estamos bem otimistas, certos que o caminho é este e que os resultados virão.
Só não pode é as obras serem paralisadas e os próximos Governos terão que dar andamento a tudo isto, caso contrário, serão milhões de dólares jogados no ralo.
08- Vocês ficaram sabendo sobre a existência de peixe na região de Itú e Salto?
Sim e confirmamos esta informação e a notícia saiu em um veículo nosso, o jornal Estado de São Paulo e na época, uma equipe nossa foi até lá e pode constatar que os pescadores já estão tirando peixe do Tietê, um sinal de que as coisas estão acontecendo, pois desde 90 que não pescavam nada por lá e isto é bastante animador.
09- Quanto a diminuição da mancha de poluição nas águas do Tietê, a Eldorado também tem conhecimento desta notícia?
Fomos nós que noticiamos, o Estado de São Paulo publicou e uma equipe também foi até a Cidade de Anhembi e constatou que a mancha recuou uns 120 quilômetros e com esses dois acontecimentos, percebemos que vale a pena e não podemos parar.
10- Dizem que em 2011/2012 já teremos peixe no rio Pinheiros. A Eldorado acredita nesta afirmação?
De forma alguma. O Pinheiros ainda tem sérios problemas e também merece uma atenção especial, primeiro por desaguar no Tietê e hoje, por ter em suas margens grandes empresas, as principais empresas de tecnologia estão por ali, recebendo grandes clientes e com a inauguração da Ponte ??? a região virou um cartão postal da cidade e aquele mau cheiro não combina com tudo isto.
12- O que a Eldorado diria quanto ao descaso com os nossos mananciais, principalmente a Guarapiranga e a Billings?
O Instituto Sócio Ambiental – ISA, lançou uma campanha “De onde vem a água que bebemos” e mostra justamente está situação deplorável, mas parece que as autoridades estão se movimentando no sentido de recuperar toda esta área degradada e invadida.
13- Quanto a afirmação de que o Tietê estará despoluído em 25 ou 30 anos. A Eldorado acredita nesta prazo?
É possível sim. Se tudo continuar no ritmo que está acontecendo, se as obras não forem paralisadas seria possível. Certamente a água estará bem mais limpa, sem mau cheiro e o rio já poderá ser utilizado para passeios. Para natação e pesca acreditamos que o prazo é curto.
14- Tem alguma informação importante que não foi questionada e que gostaria de falar?
Gostaria de ressaltar que o Grupo Estado participa da compensação de emissão de CO2 e só no ano passado, plantamos mais de 700 árvores, o que nos deu direito a certificação e nosso selo.
A SOS Mata Atlântica é que ficou responsável pelo plantio para nós e tudo foi transformado em mata ciliar, recompondo áreas degradas nos principais rios de São Paulo.
Postado por João Elias, em 14 de maio de 2009
terça-feira, 12 de maio de 2009
ENTREVISTA - RICHARD HIROSHI OUNO - CETESB
Richard Hiroshi Ouno é Diretor de Controle Ambiental da CETESB – Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental
Richard Hiroshi é Engenheiro Químico, formado na escola Politécnica da USP(1977)e com especialização em Engenharia Ecológica na Fundação Armando Álvares Penteado.
Na Cetesb, onde trabalha há 31 anos, já foi Engenheiro da Área de Engenharia (Apoio às atividades do Controle), Gerente da Coordenadoria de Ações Técnicas em Poluição das Águas da Diretoria de Controle, Gerente da Regional da Bacia do Alto Tiête III da Diretoria de Controle, Assistente Executivo da Diretoria de Controle de Poluição Ambiental e atualmente é o assessor da Diretoria de Controle Ambiental.
Entrevista dia 11/05/2009 na sede da CETESB.
Por Ramon Vicente Ruiz Busiz
1) Com relação ao Projeto- Tietê, a CETESB ficou responsável pelo acompanhamento das empresas poluidoras.
Existem empresas ainda poluindo o rio, o que está sendo feito em relação à elas? Foi dado um prazo? Foi aplicado uma multa? Quando a situação se resolverá?
No início, a CETESB foi atrás de 1250 empresas para fazer as avaliações.
O acompanhamento já vem sendo feito semestralmente até o último relatório de Junho de 2008, praticamente quase todas já atenderam a legislação.
Foi aplicado uma multa, que é variável, temos um critério, procedimentos que depende de localização, em lugares mais nobres, os valores são mais elevados, então o senso administrativo de multa, de autuação, pode chegar até 5 mil UFESP (unidade fiscal do estado de são Paulo), cada UFESP corresponde a R$ 15,85.
Se a empresa lança alguma coisa que faça com que ocorra o rompimento de captação de água, como no Alto Tietê, a empresa leva uma multa gravíssima, se for na região metropolitana de São Paulo como o Tatuapé, a multa é mais simbólica do que uma penalidade (200 UFESP, 300 UFESP).
Nosso processo de autuação, menos os casos gravíssimos, primeiro ocorre uma advertência e depois a multa, é dado um prazo pra a empresa se regularizar, como o projeto Tietê, por exemplo, foi dado um prazo de dois anos.
2)Qual o valor gasto de 1992 até 2009 e qual a previsão de gasto até o final da obra?
Na nossa participação, não temos codificado, quanto gastamos, porque está dentro da nossa rotina. Hoje a nossa continuidade do Projeto-Tietê é fazer a fiscalização normal e o governo que banca toda essa despesa.
O Projeto 2 do Tietê teve uma verba de US$ 5 milhões de dólares, que a SABESP iria repassar para a CETESB, do qual não recebemos nada. Os objetivos da SABESP são diferentes dos da CETESB, por isso saímos do Projeto 2.
Desses US$ 5 milhões de dólares, US$ 2.800 milhões seriam para fazer o acompanhamento das empresas e para as empresas serem caracterizadas, isto é, pegar todas as informações dessas empresas, desde os funcionários, que tipo de despejo, fazer uma caracterização.
3) Na visão da CETESB, por que o projeto do Tietê só foi criado depois da matéria na rádio Eldorado?
Temos que estar juntos não somente com o controle da poluição industrial e sim juntos com o esgoto, o lixo dentro de um contexto de governo, não adiantava simplesmente controlar a poluição industrial e deixar o esgoto doméstico sem tratamento.
A parcela de poluição causada pelo esgoto doméstico é muito maior que a poluição causada pelo setor industrial e nós temos uma ação mais direta com o setor industrial.
Sem dúvida a rádio Eldorado teve uma grande participação para começar esse projeto porque toda movimentação de uma sociedade começa com um veículo de comunicação, nada é feito sozinho.
4)Quanto à despoluição do Tietê, a CETESB acredita que em 30 anos, já poderemos nadar ou pescar na região metropolitana de São Paulo?
Isso depende da SABESP, em termos de parâmetro industrial, temos um controle de qualidade em vários pontos do Tietê, desde o início até os pontos de saída da capital e o grande desafio é cuidar do esgoto doméstico.
O rio começa ficar sujo depois da estação de tratamento da SABESP, o esgoto é coletado, tratado mas mesmo com esse tratamento, não fica limpo.
5) A mídia divulgou que em 2001/2012, teremos peixes no rio Pinheiros. O que a CETESB tem a dizer quanto a esta notícia? O Sr. já ouviu alguma coisa sobre esse assunto?
No rio Pinheiros além do esgoto cair no rio, temos um grande problema, as fontes difusas, isto é, pessoas que acabam jogando lixo pelas ruas, resíduos na calçada e quando chove, vai tudo para o rio.
Precisamos de uma conscientização das pessoas junto com uma ação do governo e a sociedade tem que se movimentar, não adianta a SOS MATA ATLÂNTICA começar uma campanha se não tiver ajuda da mídia e um trabalho de educação.
Hoje, já podemos ver crianças pedindo para seus pais não jogarem lixo nas ruas, isto já é um começo.
6) Quanto às represas Billings e Guarapiranga, de quem é a responsabilidade pela fiscalização das moradias que estão quase que dentro da água e certamente jogando esgoto direto nos manancias?
As prefeituras não possuem um planejamento e acaba não tendo fiscalização e acaba ocorrendo as invasões, mas também não é só a prefeitura que vai resolver o problema, isso são problemas sociais e econômicos que acabam levando as pessoas pra lugares como esses.
7) O Sr. fala que com todo esse investimento em tratamento e coleta, chegou-se apenas a 1/3 do que se poderia ter sido feito. Para a CETESB, qual é o principal problema para o andamento dessa obra?
Ainda tem muito pra melhorar, não foi um problema de falta de vontade e sim de falta de recursos, esse é um projeto de valor muito alto.
Para abastecer a região metropolitana de São Paulo, a Sabesp busca água de cidades vizinhas e até de Minas Gerais e é um valor muito alto e depois precisa coletar e tratar o esgoto, que também é outro fator que precisa de muito dinheiro.
8) Na 2º fase do projeto existiam 290 indústrias para serem monitoradas entre elas, supermercados e shoppings. Como sabemos isso não foi realizado. O que aconteceu exatamente?
As 290 empresas seriam selecionadas pela SABESP e que preferencialmente seria na região do rio Pinheiros que é o foco principal do projeto.
A SABESP queria colocar no contrato empresas que não são licensiadas pela CETESB para a mesma fazer as avaliações e essas empresas são de difícil caracterização e assim, não chegamos a um consenso.
RAMON VICENTE RUIZ BUSIZ
segunda-feira, 27 de abril de 2009
Visitando a nascente
Ontem(26/04/2009), eu e o João fizemos uma parte do trajeto do rio Tietê, passando por Mogi das Cruzes até nosso destino final: a nascente do rio Tietê, em Salesópolis.
Chegando à nascente, uma monitora nos aguardava para mostrar e explicar as curiosidades do rio, desde seu nascimento até o seu final, quando ele deságua no rio Paraná, na cidade de Itapura.
Notamos que havia 5 funcionários no local, 1 segurança, 1 monitora e 3 funcionários do DAEE (Departamento de Águas e Energia Elétrica).
Entrevistamos João (funcionário do DAEE), que nos contou que existem projetos para melhoria da nascente, principalmente na parte de divulgação, já que somente escolas e poucas notícias nos veículos de comunicação fazem com que a nascente se torne um atrativo e uma conscientização para as pessoas.
As escolas entram em contato com as agências de turismo da cidade de Salesópolis para marcar uma visita (Salesópolis conta com 3 agências de turismo).
Tiramos muitas fotos do trajeto do rio Tietê, da nascente, da parte que ainda está limpa em Mogi das Cruzes, filmamos e esperamos que VOCÊ que está nos acompanhando, fique atento, porque coisas muito interessantes estão por vir........
Ramon Vicente Ruiz Busiz
terça-feira, 21 de abril de 2009
COMO SURGE O PROJETO TIETÊ
A Rádio Eldorado resolve fazer um programa, uma pauta comum, produzido em conjunto com a BBC de Londres - Inglaterra, realizado simultaneamente nos dois países, por dois repórteres.
Um, na Inglaterra, navegava no “despoluído” Rio Tâmisa e o outro, aqui no degradado Rio Tietê. Eles trocaram impressões ao vivo e sem imaginar, mexeram fundo com os ouvintes que acompanhavam atentamente a matéria.
A reação foi impressionante e uma enxurrada de telefonemas, telegramas e cartas inundou a emissora, com idéias, projetos, manifestações de apoio e ofertas de todo o tipo, que demonstravam que o sonho de ressuscitar o Tietê estava mais vivo do que nunca e que muita gente estava disposta a trabalhar por isso.
Diante da receptividade, a Eldorado não deixou a água parar e abriu seus microfones para todos os que tivessem algo a dizer para salvar o Tietê e o resultado foi uma maré crescente de entusiasmo e mobilização.
Para canalizar esta energia social de transformação, a Fundação SOS Mata Atlântica criou o Núcleo União Pró-Tietê, com patrocínio do Unibanco Ecologia e sua meta inicial era tornar concreta a vontade da população através da coleta de um milhão de assinaturas, o maior abaixo-assinado já realizado no país.
A meta foi superada e chegou a mais de 2.500.000 de assinaturas, porém, somente 1.200.000 foram validadas, pois as demais não continham dados exigidos para sua validação e a história do Tietê começou a mudar.
O abaixo assinado foi entregue ao então Presidente da República, Sr. Fernando Collor de Melo e ao então Governardor de São Paulo, Sr. Luiz Antonio Fleury, durante a Rio 92, a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento.
A despoluição, antes considerada impossível, passou a ser viável, o dinheiro que não havia começou a aparecer, o Governo antes desinteressado assumiu o desafio como prioridade.
O resultado foi fantástico e em tempo recorde a sociedade organizada criou condições para o início da recuperação do Tietê e rompeu com a história de décadas de degradação irresponsável.
Isso tudo foi apenas o começo e foi preciso que o Estado contratasse um grande projeto que possibilitasse a implantação de várias obras, porém, não podíamos permitir que essa fosse mais uma mega-obra desconectada de diversas ações sociais, ambientais e políticas, como muitas outras que não trouxeram resultados positivos.
A luta foi grande para romper com as enormes barreiras que impediam o acesso da sociedade às informações sobre as obras, cronogramas e investimentos do projeto.
Era necessário fazer com que as pessoas compreendessem que a despoluição desse rio não é obra de um governo, é uma ação de cidadania, de longo prazo.
Muitas obras foram concluídas, mas ainda é pouco diante da dimensão do problema e o Tietê ainda está poluído, contaminado, assoreado e com margens desmatadas e impermeabilizadas.
Esse é o resultado do distanciamento das pessoas que deixaram de se relacionar com o rio e fugiram do seu papel de co-responsáveis pela sua conservação.
Para recuperar definitivamente o Tietê é necessário, antes, recuperar a capacidade da sociedade de entender o rio, redescobrir seus encantos, sua importância, conhecer seus problemas e buscar soluções de forma integrada.
Diante desse desafio, foi idealizado um outro Projeto, o “Observando o Tietê”, dedicado à educação ambiental não formal, que tem o objetivo de fazer com que as pessoas voltem a olhar permanentemente para o rio, para que possamos resgatar parte da nossa cultura esvaecida com a poluição.
Dessa forma a sociedade é mobilizada e a população acompanha e participa de forma ativa do processo de recuperação.
A recuperação vai demorar, é um processo longo, de vários governos e necessariamente, precisa ser acompanhada de perto, para que os sucessores não dêem continuidade ao que já começou, caso contrário, será um investimento jogado no ralo.
A recuperação do Tietê será obra da sociedade, se todos nós fizermos disso uma prioridade.
FONTE: www.rededasaguas.org.br
Postado por João Elias, em 11 de abril de 2009
PROJETO TIETÊ - A TEORIA
Em 1992, surge um movimento popular da Rádio Eldorado, de São Paulo e a Fundação SOS Mata Atlântica, que conseguiu reunir mais de um milhão e duzentas mil assinaturas e contou com forte envolvimento da mídia.
O Governo de São Paulo se viu obrigado a criar um Programa para a despoluição do Rio Tietê, entregando à Sabesp, a responsabilidade da sua execução.
O Governo paulista buscou junto ao Banco Interamericano de Desenvolvimento – BID, os recursos necessários para o maior projeto de recuperação ambiental desenvolvido no país.
A Sabesp ficou com a difícil e ousada tarefa de acabar com a poluição gerada por esgotos na Região Metropolitana de São Paulo. Essa solução recebeu o nome de Projeto Tietê.
Além de uma atuação direta nas áreas de saneamento básico, o Projeto Tietê previa o controle da poluição industrial e dos resíduos sólidos, a abertura e urbanização dos fundos de vale e um forte incremento em educação ambiental.
A PRIMEIRA ETAPA
- inicidado em 1992, o Projeto buscou metas ambiciosas: estender o serviço de coleta de esgotos a mais de 250 mil famílias, ampliando o percentual de população urbana atendida nos municípios tratados pela Sabesp, de 63% em 1992, para 83% em 1999.
- caminhou vagarosamente até 94, apesar das falsas promessas de resultados imediatos, como a possibilidade de aproveitamento do rio Tietê para lazer em menos de cinco anos, fato que discredibilzou o Projeto perante a população.
- como parâmetro de comparação, o Programa de Despoluição do Rio Tâmisa, na Inglaterra, tido como exemplo de sucesso, começou a ser delineado em 1895 e apresentou resultados em 1930 e no final da década de 70, quase 100 anos após seu início, resultados perceptíveis foram alcançados.
- a recuperação de grandes rios que passam por regiões densamente povoadas, não têm resultados instantâneos, pois, depende essencialmente de ações continuas e integradas e é projeto para vários governos.
- a partir de 1995, o Governo do Estado de São Paulo, por intermédio da Sabesp, redirecionou o Projeto Tietê e conseguiu a renegociação do financiamento com o BID. Isso permitiu a ampliação do serviço de coleta de esgotos para mais de 1,5 milhão de pessoas e o aumento de 9,5 metros cúbicos por segundo na capacidade de tratamento de esgotos da Região Metropolitana de São Paulo, elevando o percentual de esgotos tratados em relação aos esgotos coletados, de 20%, em 1992, para 60%, em 1998.
- foram executadas as obras da Estação de Tratamento de Esgotos - ETE de São Miguel, com 1,5 m3/s de capacidade; a ETE Parque Novo Mundo, com 2,5 m3/s; a ETE ABC, com 3,0 m3/s, a ampliação da ETE Barueri de 7 m3/s para 9,5 m3/s; a implantação de 1.480 km de redes coletoras de esgotos, 223 mil novas ligações domiciliares, 270 km de coletores-tronco e 31,3 km de interceptores.
- mais de 1.200 industrias, correspondente a 90% da carga poluidora industrial lançada no rio Tietê, aderiram ao Projeto e deixaram de lançar resíduos e toda espécie de contaminantes no curso d’água.
- nessa fase o Projeto Tietê recebeu investimentos de US$ 1,1 bilhão, dos quais US$ 450 milhões foram financiados pelo BID, US$ 450 milhões com recursos próprios da Sabesp e US$ 200 milhões em financiamentos de outras fontes, como a Caixa Econômica Federal.
SEGUNDA ETAPA
- a segunda etapa deve continuar a expansão das ligações domiciliares de esgoto e otimizar o sistema instalado, onde a meta é aumentar a quantidade efetiva dos esgotos tratados, através do encaminhamento máximo possível dos esgotos coletados às Estações de Tratamento.
- a Sabesp deverá estender os serviços de coleta de esgotos a mais de dois milhões de pessoas na RMSP, ampliando o atendimento à população urbana de 80%, em 1998, para 90%, o que pode ser considerado a universalização da coleta de esgotos na região a cargo da Sabesp.
- o tratamento dos esgotos coletados será ampliado de 63% para 70% e controlar a emissão dos efluentes de mais de 290 industrias, em parceria com a Cetesb.
- para alcançar essas metas estão previstas a execução de 960 km de redes coletoras, 290 mil ligações domiciliares e 141 km de coletores-tronco e interceptores.
- as obras estarão, na maior parte, concentradas na região sul e ocorrerão ao longo do rio Pinheiros e em uma parte do Tietê e os esforços se concentram na bacia do Pinheiros com um total de 26 obras.
- a Sabesp espera conseguir uma melhoria significativa na qualidade das águas dos mananciais Billings e Guarapiranga, uma vez que parte dos efluentes que chegam a essas represas serão coletados e encaminhados à ETE de Barueri, que terá sua capacidade de tratamento ampliada para 12 m3/s.
- ao final dessa etapa espera-se uma sensível melhora na qualidade das águas dos rios Tietê e Pinheiros, com benefícios para a saúde pública, trazendo o declínio dos índices de mortalidade infantil e ganhos para a qualidade ambiental da bacia hidrográfica do Alto Tietê, com resultados significativos às bacias do Médio e Baixo Tietê.
- a Fundação SOS Mata Atlântica cria o Núcleo Pró-Tietê e fica com a responsabilidade de desenvolver e executar um programa de educação ambiental com participação da sociedade civil organizada e mecanismos de controle social do Projeto e também irá monitorar a qualidade da água do rio, em diversos pontos.
- esta etapa cria componentes que deverão gerar a possibilidade de implantação de programas de re-uso planejado da água e aumento da disponibilidade de água potável.
- ações complementares, sob responsabilidade de outros órgãos do Estado de prefeituras e ongs visam equacionar as cargas difusas da poluição, amenizar os problemas referentes ao uso e ocupação do solo, de coleta e disposição de resíduos sólidos.
- os investimentos previstos somam US$ 400 milhões, sendo 50% referentes ao financiamento do BID e restante com recursos próprios das Sabesp.
FONTE: www.rededasaguas.org.br
Postado por João Elias - 11 de Abril de 2009
RIO TÂMISA - O EXEMPLO DOS INGLESES
No início do século 19, os trabalhadores das fábricas que ficavam às margens do Rio Tâmisa, em Londres, reclamavam por ter de comer salmão todo dia no almoço.
Hoje, o retorno do salmão ao Tâmisa é motivo de orgulho para os ingleses, pois ele ficou sumido daquelas bandas durante 150 anos por causa da poluição.
Só para se ter uma idéia de como o Tâmisa já foi um rio poluído, ele tinha o apelido de "Grande Fedor" na Londres do século 19 e quem se atrevesse a nadar em suas águas imundas poderia pegar uma série de doenças, como a febre tifóide.
Em 1861, o Tâmisa começou a ser despoluído, mas por causa do crescimento da cidade, com indústrias e pessoas jogando sujeira no rio, ele voltou a ser sujo em1950.
Uma medida simples por parte do governo inglês fez com que o Tamisa passasse a ter vida novamente: tratar os esgotos da cidade.
A partir da década de 1970, o Tâmisa deixou de ser um "rio morto" e agora é um dos rios mais limpos do mundo e abriga 121 espécies de peixes.
Focas já foram vistas em suas margens e hoje os pesquisadores estão tentando trazer as lontras para habitar o rio.
Este é o melhor exemplo que São Paulo tem que seguir para salvar o Tietê.
FONTE: www.biodiversityreporting.org
Postado por João Elias em 11 de Abril de 2009
DE ONDE VEIO O NOME "TIETÊ"
ANHUMA - ANHEMBI
O Tietê, nem sempre se chamou Tietê. Até as primeiras décadas do Século XVIII ele era o Anhembi, nome de origem indígena, registrado e explicado pela primeira vez pelo viajante e Governador do Paraguai, D. Luiz de Céspedes Xeria: "Anhembi quer dizer rio de unas aves animais" - aves que causavam espanto ao europeu com seu unicórnio frontal, os esporões das asas, os pés desproporcionalmente grande e o grito que, segundo o Padre Anchieta, fazia pensar num burro zurrando.
Em Caminhos e Fronteiras, Sérgio Buarque de Holanda nos confirma que "Anhembi quer dizer rio das Anhumas ou de Anhimas", aves que desde o início do povoamento eram procuradas pelos caboclos, que buscavam nelas o remédio ou preservativo para toda sorte dos males, "Especialmente do unicórnio, mas também dos esporões e até dos ossos, em particular dos ossos da perna esquerda, faziam-se amuletos e mezinhas contra ramos de ar, estupor, mau-olhado, envenenamento e mordedura de animais".
Há os que viam em outras espécies a origem do nome. Para Teodoro Sampaio, Anhembi significaria perdiz, ave que existia em grande quantidade nos campos de Piratininga.
Em 1748, o nome Tietê foi pela primeira vez registrado cartograficamente, no Mapa D'Anville. Referia-se apenas ao trecho situado entre a nascente do rio e o salto de Itu, mas acabou por prevalecer sobre o resto.
Ainda naquele século, o nome Tietê foi associado, por José Gonçalves Fonseca, às aves conhecidas por tetés, semelhantes aos pintassilgos, que eram muito comuns nas margens.
Mais tarde, Teodoro Sampaio levantou duas hipóteses: Tietê viria de tiê, a voz onomatopaica de uma família de aves das quais fazem parte o tié-piranga e o tié-juba ou viria da junção de ty - águas, líquido, vapor e ete - verdadeiro -, significando rio bastante fundo, rio verdadeiro -, tratava-se do primeiro curso d'água considerável que o forasteiro encontrava ao penetrar no sertão.
Em 1929, Plínio Ayrosa, em parecer para o Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo, contestaria essa hipótese, afirmando que o nome Tietê não era indígena, mas dado pelos portugueses, mesmo porque, nem pelo seu volume, nem pela comparação com outros cursos d'água, os índios seriam levados a atribuir-lhe o significado de rio grande.
Tietê, rio das anhumas, e também das perdizes, dos veados, dos tetés, dos tiés: qualquer que seja a origem do nome, todos nos remetem à fauna abundante que habitava suas margens.
Fonte: www.tratamentodeagua.com.br
Postado por João Elias, em 21 de abril de 2009
22 DE SETEMBRO - DIA DO RIO TIETÊ
A data vem sendo lembrada desde 1991 quando a SOS Mata Atlântica, em conjunto com uma série de entidades e com a Rádio Eldorado, realizou um abaixo assinado com 1,2 milhões de assinaturas pedindo a despoluição do principal rio Paulista: o Tietê.
Em 2002 foi instituída através da Lei11273, a Semana de Preservação do Rio Tietê “com o objetivo de mobilizar a sociedade e os poderes públicos sobre a adoção de medidas de preservação e utilização do Rio Tietê.”
22 de Setembro é o dia do rio Tietê e da mobilização mundial sem carro.
FONTE: www.sosmatatlantica.org.br
Postado por João Elias em 11 de Abril de 2009
ATRAVESSANDO O ESTADO DE SÃO PAULO
Salesópolis, Biritiba Mirim, Mogi das Cruzes, Suzano, Itaquaquecetuba, Guarulhos, São Paulo, Osasco, Barueri, Santana de Parnaíba, Pirapora do Bom Jesus, Cabreúva, Salto, Itú, Porto Feliz, Tietê, Laranjal Paulista, Conchas, Anhembi, São Manuel, Mineiros do Tietê, Macatuba, Igaraçú do Tietê, Barra Bonita, Jaú, Pederneiras, Itapuí, Boracéia, Bariri, Itajú, Arealva, Ibitinga, Iacanga, Reginópolis, Pongaí, Borborema, Cafelândia, Novo Horizonte, Sabino, Sales, Promissão, Adolfo, José Bonifácio, Uburana, Barbosa, Penápolis, Zacarias, Buritama, Birigui, Araçatuba, Santo Antonio do Aracanguá, Sud Menucci, Pereira Barreto, Andradina, Castilho e Itapura.
Não podemos esquecer que além dessas cidades, margeadas pelo Rio Tietê, várias outras próximas estão direta e indiretamente ligadas e dependentes das suas águas.
Postado por João Elias, em 21 de abril de 2009.
Não podemos esquecer que além dessas cidades, margeadas pelo Rio Tietê, várias outras próximas estão direta e indiretamente ligadas e dependentes das suas águas.
Postado por João Elias, em 21 de abril de 2009.
SALVAR O TIETÊ.....É POSSÍVEL SIM !!!
O Rio Tietê corre limpo por cerca de 100 Km, de Salesópolis até Mogi das Cruzes e volta a ser limpo depois de uns 302 Km da Cidade de São Paulo, na Cidade de Barra Bonita.
Dos 1.100 Km de extensão do Tietê, apenas 130 estão poluídos e em 970 Km, o rio está vivo, gerando energia, transportando cargas, fornecendo água potável, irrigando lavouras, gerando lazer e entretenimento com esportes náuticos, escoturismo e pesca.
A condenação do Tietê acontece de Mogi das Cruzes até Itú e Salto, onde a qualidade da água começa a melhorar, ficando realmente limpa em Barra Bonita.
Na Cidade de Itú e Salto, o Tietê já dá sinais de vida e dizem que já tem peixes e em Barra Bonita ele ressurge, ressuscita, renasce e os passeios de barco pelo rio são comuns, a pesca é constante, a fauna e flora estão presentes.
Para que a despoluição ocorra da fato, além das obras e investimentos em saneamento e tratamento do esgoto doméstico e industrial, a sociedade tem papel fundamental, principalmente não jogando lixo nas ruas e nos rios e aprendendo a separar o lixo para reciclagem.
A estimativa de recuperação das águas do Rio Tietê é de 25 a 30 anos , quando 95% dos esgotos já estiverem sendo tratados e hoje, isto ocorre com apenas 45% do total.
Parece muito tempo, mas não é, pois limpar um rio poluído, morto, exige muita paciência e muito investimento, como ocorreu com os ingleses, para despoluírem o Rio Tamisa, o que levou mais de 100 anos.
Hoje são despejados diariamente no Tietê, quase 2 bilhões de litros de esgoto sem tratamento, o que irá diminuir gradativamente, com as ligações de esgotos que estão sendo feitas, a regularização das ligações clandestinas e a construção de estações de tratamento de esgoto.
Um detalhe importante; não adianta todos esses esforços junto ao Tietê se nada for feito com os rios que deságuam nele e aqui em São Paulo, os principais e poluídos são o Aricanduva, o Tamanduateí e o Pinheiros, lembrando que o Pinheiros e o Tietê recebem a água de 400 córregos em São Paulo.
Postado por João Elias, em 11 de abril de 2009
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