terça-feira, 21 de abril de 2009

COMO SURGE O PROJETO TIETÊ


A Rádio Eldorado resolve fazer um programa, uma pauta comum, produzido em conjunto com a BBC de Londres - Inglaterra, realizado simultaneamente nos dois países, por dois repórteres.

Um, na Inglaterra, navegava no “despoluído” Rio Tâmisa e o outro, aqui no degradado Rio Tietê. Eles trocaram impressões ao vivo e sem imaginar, mexeram fundo com os ouvintes que acompanhavam atentamente a matéria.

A reação foi impressionante e uma enxurrada de telefonemas, telegramas e cartas inundou a emissora, com idéias, projetos, manifestações de apoio e ofertas de todo o tipo, que demonstravam que o sonho de ressuscitar o Tietê estava mais vivo do que nunca e que muita gente estava disposta a trabalhar por isso.

Diante da receptividade, a Eldorado não deixou a água parar e abriu seus microfones para todos os que tivessem algo a dizer para salvar o Tietê e o resultado foi uma maré crescente de entusiasmo e mobilização.

Para canalizar esta energia social de transformação, a Fundação SOS Mata Atlântica criou o Núcleo União Pró-Tietê, com patrocínio do Unibanco Ecologia e sua meta inicial era tornar concreta a vontade da população através da coleta de um milhão de assinaturas, o maior abaixo-assinado já realizado no país.

A meta foi superada e chegou a mais de 2.500.000 de assinaturas, porém, somente 1.200.000 foram validadas, pois as demais não continham dados exigidos para sua validação e a história do Tietê começou a mudar.

O abaixo assinado foi entregue ao então Presidente da República, Sr. Fernando Collor de Melo e ao então Governardor de São Paulo, Sr. Luiz Antonio Fleury, durante a Rio 92, a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento.

A despoluição, antes considerada impossível, passou a ser viável, o dinheiro que não havia começou a aparecer, o Governo antes desinteressado assumiu o desafio como prioridade.

O resultado foi fantástico e em tempo recorde a sociedade organizada criou condições para o início da recuperação do Tietê e rompeu com a história de décadas de degradação irresponsável.

Isso tudo foi apenas o começo e foi preciso que o Estado contratasse um grande projeto que possibilitasse a implantação de várias obras, porém, não podíamos permitir que essa fosse mais uma mega-obra desconectada de diversas ações sociais, ambientais e políticas, como muitas outras que não trouxeram resultados positivos.

A luta foi grande para romper com as enormes barreiras que impediam o acesso da sociedade às informações sobre as obras, cronogramas e investimentos do projeto.

Era necessário fazer com que as pessoas compreendessem que a despoluição desse rio não é obra de um governo, é uma ação de cidadania, de longo prazo.

Muitas obras foram concluídas, mas ainda é pouco diante da dimensão do problema e o Tietê ainda está poluído, contaminado, assoreado e com margens desmatadas e impermeabilizadas.

Esse é o resultado do distanciamento das pessoas que deixaram de se relacionar com o rio e fugiram do seu papel de co-responsáveis pela sua conservação.

Para recuperar definitivamente o Tietê é necessário, antes, recuperar a capacidade da sociedade de entender o rio, redescobrir seus encantos, sua importância, conhecer seus problemas e buscar soluções de forma integrada.

Diante desse desafio, foi idealizado um outro Projeto, o “Observando o Tietê”, dedicado à educação ambiental não formal, que tem o objetivo de fazer com que as pessoas voltem a olhar permanentemente para o rio, para que possamos resgatar parte da nossa cultura esvaecida com a poluição.

Dessa forma a sociedade é mobilizada e a população acompanha e participa de forma ativa do processo de recuperação.

A recuperação vai demorar, é um processo longo, de vários governos e necessariamente, precisa ser acompanhada de perto, para que os sucessores não dêem continuidade ao que já começou, caso contrário, será um investimento jogado no ralo.

A recuperação do Tietê será obra da sociedade, se todos nós fizermos disso uma prioridade.

FONTE: www.rededasaguas.org.br

Postado por João Elias, em 11 de abril de 2009

PROJETO TIETÊ - A TEORIA


Em 1992, surge um movimento popular da Rádio Eldorado, de São Paulo e a Fundação SOS Mata Atlântica, que conseguiu reunir mais de um milhão e duzentas mil assinaturas e contou com forte envolvimento da mídia.

O Governo de São Paulo se viu obrigado a criar um Programa para a despoluição do Rio Tietê, entregando à Sabesp, a responsabilidade da sua execução.

O Governo paulista buscou junto ao Banco Interamericano de Desenvolvimento – BID, os recursos necessários para o maior projeto de recuperação ambiental desenvolvido no país.

A Sabesp ficou com a difícil e ousada tarefa de acabar com a poluição gerada por esgotos na Região Metropolitana de São Paulo. Essa solução recebeu o nome de Projeto Tietê.

Além de uma atuação direta nas áreas de saneamento básico, o Projeto Tietê previa o controle da poluição industrial e dos resíduos sólidos, a abertura e urbanização dos fundos de vale e um forte incremento em educação ambiental.

A PRIMEIRA ETAPA
- inicidado em 1992, o Projeto buscou metas ambiciosas: estender o serviço de coleta de esgotos a mais de 250 mil famílias, ampliando o percentual de população urbana atendida nos municípios tratados pela Sabesp, de 63% em 1992, para 83% em 1999.
- caminhou vagarosamente até 94, apesar das falsas promessas de resultados imediatos, como a possibilidade de aproveitamento do rio Tietê para lazer em menos de cinco anos, fato que discredibilzou o Projeto perante a população.
- como parâmetro de comparação, o Programa de Despoluição do Rio Tâmisa, na Inglaterra, tido como exemplo de sucesso, começou a ser delineado em 1895 e apresentou resultados em 1930 e no final da década de 70, quase 100 anos após seu início, resultados perceptíveis foram alcançados.
- a recuperação de grandes rios que passam por regiões densamente povoadas, não têm resultados instantâneos, pois, depende essencialmente de ações continuas e integradas e é projeto para vários governos.
- a partir de 1995, o Governo do Estado de São Paulo, por intermédio da Sabesp, redirecionou o Projeto Tietê e conseguiu a renegociação do financiamento com o BID. Isso permitiu a ampliação do serviço de coleta de esgotos para mais de 1,5 milhão de pessoas e o aumento de 9,5 metros cúbicos por segundo na capacidade de tratamento de esgotos da Região Metropolitana de São Paulo, elevando o percentual de esgotos tratados em relação aos esgotos coletados, de 20%, em 1992, para 60%, em 1998.
- foram executadas as obras da Estação de Tratamento de Esgotos - ETE de São Miguel, com 1,5 m3/s de capacidade; a ETE Parque Novo Mundo, com 2,5 m3/s; a ETE ABC, com 3,0 m3/s, a ampliação da ETE Barueri de 7 m3/s para 9,5 m3/s; a implantação de 1.480 km de redes coletoras de esgotos, 223 mil novas ligações domiciliares, 270 km de coletores-tronco e 31,3 km de interceptores.
- mais de 1.200 industrias, correspondente a 90% da carga poluidora industrial lançada no rio Tietê, aderiram ao Projeto e deixaram de lançar resíduos e toda espécie de contaminantes no curso d’água.
- nessa fase o Projeto Tietê recebeu investimentos de US$ 1,1 bilhão, dos quais US$ 450 milhões foram financiados pelo BID, US$ 450 milhões com recursos próprios da Sabesp e US$ 200 milhões em financiamentos de outras fontes, como a Caixa Econômica Federal.

SEGUNDA ETAPA
- a segunda etapa deve continuar a expansão das ligações domiciliares de esgoto e otimizar o sistema instalado, onde a meta é aumentar a quantidade efetiva dos esgotos tratados, através do encaminhamento máximo possível dos esgotos coletados às Estações de Tratamento.
- a Sabesp deverá estender os serviços de coleta de esgotos a mais de dois milhões de pessoas na RMSP, ampliando o atendimento à população urbana de 80%, em 1998, para 90%, o que pode ser considerado a universalização da coleta de esgotos na região a cargo da Sabesp.
- o tratamento dos esgotos coletados será ampliado de 63% para 70% e controlar a emissão dos efluentes de mais de 290 industrias, em parceria com a Cetesb.
- para alcançar essas metas estão previstas a execução de 960 km de redes coletoras, 290 mil ligações domiciliares e 141 km de coletores-tronco e interceptores.
- as obras estarão, na maior parte, concentradas na região sul e ocorrerão ao longo do rio Pinheiros e em uma parte do Tietê e os esforços se concentram na bacia do Pinheiros com um total de 26 obras.
- a Sabesp espera conseguir uma melhoria significativa na qualidade das águas dos mananciais Billings e Guarapiranga, uma vez que parte dos efluentes que chegam a essas represas serão coletados e encaminhados à ETE de Barueri, que terá sua capacidade de tratamento ampliada para 12 m3/s.
- ao final dessa etapa espera-se uma sensível melhora na qualidade das águas dos rios Tietê e Pinheiros, com benefícios para a saúde pública, trazendo o declínio dos índices de mortalidade infantil e ganhos para a qualidade ambiental da bacia hidrográfica do Alto Tietê, com resultados significativos às bacias do Médio e Baixo Tietê.
- a Fundação SOS Mata Atlântica cria o Núcleo Pró-Tietê e fica com a responsabilidade de desenvolver e executar um programa de educação ambiental com participação da sociedade civil organizada e mecanismos de controle social do Projeto e também irá monitorar a qualidade da água do rio, em diversos pontos.
- esta etapa cria componentes que deverão gerar a possibilidade de implantação de programas de re-uso planejado da água e aumento da disponibilidade de água potável.
- ações complementares, sob responsabilidade de outros órgãos do Estado de prefeituras e ongs visam equacionar as cargas difusas da poluição, amenizar os problemas referentes ao uso e ocupação do solo, de coleta e disposição de resíduos sólidos.
- os investimentos previstos somam US$ 400 milhões, sendo 50% referentes ao financiamento do BID e restante com recursos próprios das Sabesp.

FONTE: www.rededasaguas.org.br

Postado por João Elias - 11 de Abril de 2009

RIO TÂMISA - O EXEMPLO DOS INGLESES


No início do século 19, os trabalhadores das fábricas que ficavam às margens do Rio Tâmisa, em Londres, reclamavam por ter de comer salmão todo dia no almoço.
Hoje, o retorno do salmão ao Tâmisa é motivo de orgulho para os ingleses, pois ele ficou sumido daquelas bandas durante 150 anos por causa da poluição.
Só para se ter uma idéia de como o Tâmisa já foi um rio poluído, ele tinha o apelido de "Grande Fedor" na Londres do século 19 e quem se atrevesse a nadar em suas águas imundas poderia pegar uma série de doenças, como a febre tifóide.

Em 1861, o Tâmisa começou a ser despoluído, mas por causa do crescimento da cidade, com indústrias e pessoas jogando sujeira no rio, ele voltou a ser sujo em1950.
Uma medida simples por parte do governo inglês fez com que o Tamisa passasse a ter vida novamente: tratar os esgotos da cidade.

A partir da década de 1970, o Tâmisa deixou de ser um "rio morto" e agora é um dos rios mais limpos do mundo e abriga 121 espécies de peixes.
Focas já foram vistas em suas margens e hoje os pesquisadores estão tentando trazer as lontras para habitar o rio.

Este é o melhor exemplo que São Paulo tem que seguir para salvar o Tietê.

FONTE: www.biodiversityreporting.org

Postado por João Elias em 11 de Abril de 2009

DE ONDE VEIO O NOME "TIETÊ"



ANHUMA - ANHEMBI

O Tietê, nem sempre se chamou Tietê. Até as primeiras décadas do Século XVIII ele era o Anhembi, nome de origem indígena, registrado e explicado pela primeira vez pelo viajante e Governador do Paraguai, D. Luiz de Céspedes Xeria: "Anhembi quer dizer rio de unas aves animais" - aves que causavam espanto ao europeu com seu unicórnio frontal, os esporões das asas, os pés desproporcionalmente grande e o grito que, segundo o Padre Anchieta, fazia pensar num burro zurrando.

Em Caminhos e Fronteiras, Sérgio Buarque de Holanda nos confirma que "Anhembi quer dizer rio das Anhumas ou de Anhimas", aves que desde o início do povoamento eram procuradas pelos caboclos, que buscavam nelas o remédio ou preservativo para toda sorte dos males, "Especialmente do unicórnio, mas também dos esporões e até dos ossos, em particular dos ossos da perna esquerda, faziam-se amuletos e mezinhas contra ramos de ar, estupor, mau-olhado, envenenamento e mordedura de animais".

Há os que viam em outras espécies a origem do nome. Para Teodoro Sampaio, Anhembi significaria perdiz, ave que existia em grande quantidade nos campos de Piratininga.
Em 1748, o nome Tietê foi pela primeira vez registrado cartograficamente, no Mapa D'Anville. Referia-se apenas ao trecho situado entre a nascente do rio e o salto de Itu, mas acabou por prevalecer sobre o resto.

Ainda naquele século, o nome Tietê foi associado, por José Gonçalves Fonseca, às aves conhecidas por tetés, semelhantes aos pintassilgos, que eram muito comuns nas margens.
Mais tarde, Teodoro Sampaio levantou duas hipóteses: Tietê viria de tiê, a voz onomatopaica de uma família de aves das quais fazem parte o tié-piranga e o tié-juba ou viria da junção de ty - águas, líquido, vapor e ete - verdadeiro -, significando rio bastante fundo, rio verdadeiro -, tratava-se do primeiro curso d'água considerável que o forasteiro encontrava ao penetrar no sertão.

Em 1929, Plínio Ayrosa, em parecer para o Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo, contestaria essa hipótese, afirmando que o nome Tietê não era indígena, mas dado pelos portugueses, mesmo porque, nem pelo seu volume, nem pela comparação com outros cursos d'água, os índios seriam levados a atribuir-lhe o significado de rio grande.

Tietê, rio das anhumas, e também das perdizes, dos veados, dos tetés, dos tiés: qualquer que seja a origem do nome, todos nos remetem à fauna abundante que habitava suas margens.

Fonte: www.tratamentodeagua.com.br

Postado por João Elias, em 21 de abril de 2009

22 DE SETEMBRO - DIA DO RIO TIETÊ



A data vem sendo lembrada desde 1991 quando a SOS Mata Atlântica, em conjunto com uma série de entidades e com a Rádio Eldorado, realizou um abaixo assinado com 1,2 milhões de assinaturas pedindo a despoluição do principal rio Paulista: o Tietê.
Em 2002 foi instituída através da Lei11273, a Semana de Preservação do Rio Tietê “com o objetivo de mobilizar a sociedade e os poderes públicos sobre a adoção de medidas de preservação e utilização do Rio Tietê.”

22 de Setembro é o dia do rio Tietê e da mobilização mundial sem carro.

FONTE: www.sosmatatlantica.org.br

Postado por João Elias em 11 de Abril de 2009

ATRAVESSANDO O ESTADO DE SÃO PAULO

Salesópolis, Biritiba Mirim, Mogi das Cruzes, Suzano, Itaquaquecetuba, Guarulhos, São Paulo, Osasco, Barueri, Santana de Parnaíba, Pirapora do Bom Jesus, Cabreúva, Salto, Itú, Porto Feliz, Tietê, Laranjal Paulista, Conchas, Anhembi, São Manuel, Mineiros do Tietê, Macatuba, Igaraçú do Tietê, Barra Bonita, Jaú, Pederneiras, Itapuí, Boracéia, Bariri, Itajú, Arealva, Ibitinga, Iacanga, Reginópolis, Pongaí, Borborema, Cafelândia, Novo Horizonte, Sabino, Sales, Promissão, Adolfo, José Bonifácio, Uburana, Barbosa, Penápolis, Zacarias, Buritama, Birigui, Araçatuba, Santo Antonio do Aracanguá, Sud Menucci, Pereira Barreto, Andradina, Castilho e Itapura.

Não podemos esquecer que além dessas cidades, margeadas pelo Rio Tietê, várias outras próximas estão direta e indiretamente ligadas e dependentes das suas águas.

Postado por João Elias, em 21 de abril de 2009.

SALVAR O TIETÊ.....É POSSÍVEL SIM !!!


O Rio Tietê corre limpo por cerca de 100 Km, de Salesópolis até Mogi das Cruzes e volta a ser limpo depois de uns 302 Km da Cidade de São Paulo, na Cidade de Barra Bonita.

Dos 1.100 Km de extensão do Tietê, apenas 130 estão poluídos e em 970 Km, o rio está vivo, gerando energia, transportando cargas, fornecendo água potável, irrigando lavouras, gerando lazer e entretenimento com esportes náuticos, escoturismo e pesca.

A condenação do Tietê acontece de Mogi das Cruzes até Itú e Salto, onde a qualidade da água começa a melhorar, ficando realmente limpa em Barra Bonita.

Na Cidade de Itú e Salto, o Tietê já dá sinais de vida e dizem que já tem peixes e em Barra Bonita ele ressurge, ressuscita, renasce e os passeios de barco pelo rio são comuns, a pesca é constante, a fauna e flora estão presentes.

Para que a despoluição ocorra da fato, além das obras e investimentos em saneamento e tratamento do esgoto doméstico e industrial, a sociedade tem papel fundamental, principalmente não jogando lixo nas ruas e nos rios e aprendendo a separar o lixo para reciclagem.

A estimativa de recuperação das águas do Rio Tietê é de 25 a 30 anos , quando 95% dos esgotos já estiverem sendo tratados e hoje, isto ocorre com apenas 45% do total.

Parece muito tempo, mas não é, pois limpar um rio poluído, morto, exige muita paciência e muito investimento, como ocorreu com os ingleses, para despoluírem o Rio Tamisa, o que levou mais de 100 anos.

Hoje são despejados diariamente no Tietê, quase 2 bilhões de litros de esgoto sem tratamento, o que irá diminuir gradativamente, com as ligações de esgotos que estão sendo feitas, a regularização das ligações clandestinas e a construção de estações de tratamento de esgoto.

Um detalhe importante; não adianta todos esses esforços junto ao Tietê se nada for feito com os rios que deságuam nele e aqui em São Paulo, os principais e poluídos são o Aricanduva, o Tamanduateí e o Pinheiros, lembrando que o Pinheiros e o Tietê recebem a água de 400 córregos em São Paulo.

Postado por João Elias, em 11 de abril de 2009