terça-feira, 12 de maio de 2009

ENTREVISTA - RICHARD HIROSHI OUNO - CETESB


Richard Hiroshi Ouno é Diretor de Controle Ambiental da CETESB – Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental

Richard Hiroshi é Engenheiro Químico, formado na escola Politécnica da USP(1977)e com especialização em Engenharia Ecológica na Fundação Armando Álvares Penteado.
Na Cetesb, onde trabalha há 31 anos, já foi Engenheiro da Área de Engenharia (Apoio às atividades do Controle), Gerente da Coordenadoria de Ações Técnicas em Poluição das Águas da Diretoria de Controle, Gerente da Regional da Bacia do Alto Tiête III da Diretoria de Controle, Assistente Executivo da Diretoria de Controle de Poluição Ambiental e atualmente é o assessor da Diretoria de Controle Ambiental.





Entrevista dia 11/05/2009 na sede da CETESB.

Por Ramon Vicente Ruiz Busiz



1) Com relação ao Projeto- Tietê, a CETESB ficou responsável pelo acompanhamento das empresas poluidoras.
Existem empresas ainda poluindo o rio, o que está sendo feito em relação à elas? Foi dado um prazo? Foi aplicado uma multa? Quando a situação se resolverá?

No início, a CETESB foi atrás de 1250 empresas para fazer as avaliações.
O acompanhamento já vem sendo feito semestralmente até o último relatório de Junho de 2008, praticamente quase todas já atenderam a legislação.
Foi aplicado uma multa, que é variável, temos um critério, procedimentos que depende de localização, em lugares mais nobres, os valores são mais elevados, então o senso administrativo de multa, de autuação, pode chegar até 5 mil UFESP (unidade fiscal do estado de são Paulo), cada UFESP corresponde a R$ 15,85.
Se a empresa lança alguma coisa que faça com que ocorra o rompimento de captação de água, como no Alto Tietê, a empresa leva uma multa gravíssima, se for na região metropolitana de São Paulo como o Tatuapé, a multa é mais simbólica do que uma penalidade (200 UFESP, 300 UFESP).
Nosso processo de autuação, menos os casos gravíssimos, primeiro ocorre uma advertência e depois a multa, é dado um prazo pra a empresa se regularizar, como o projeto Tietê, por exemplo, foi dado um prazo de dois anos.

2)Qual o valor gasto de 1992 até 2009 e qual a previsão de gasto até o final da obra?
Na nossa participação, não temos codificado, quanto gastamos, porque está dentro da nossa rotina. Hoje a nossa continuidade do Projeto-Tietê é fazer a fiscalização normal e o governo que banca toda essa despesa.
O Projeto 2 do Tietê teve uma verba de US$ 5 milhões de dólares, que a SABESP iria repassar para a CETESB, do qual não recebemos nada. Os objetivos da SABESP são diferentes dos da CETESB, por isso saímos do Projeto 2.
Desses US$ 5 milhões de dólares, US$ 2.800 milhões seriam para fazer o acompanhamento das empresas e para as empresas serem caracterizadas, isto é, pegar todas as informações dessas empresas, desde os funcionários, que tipo de despejo, fazer uma caracterização.

3) Na visão da CETESB, por que o projeto do Tietê só foi criado depois da matéria na rádio Eldorado?
Temos que estar juntos não somente com o controle da poluição industrial e sim juntos com o esgoto, o lixo dentro de um contexto de governo, não adiantava simplesmente controlar a poluição industrial e deixar o esgoto doméstico sem tratamento.
A parcela de poluição causada pelo esgoto doméstico é muito maior que a poluição causada pelo setor industrial e nós temos uma ação mais direta com o setor industrial.
Sem dúvida a rádio Eldorado teve uma grande participação para começar esse projeto porque toda movimentação de uma sociedade começa com um veículo de comunicação, nada é feito sozinho.

4)Quanto à despoluição do Tietê, a CETESB acredita que em 30 anos, já poderemos nadar ou pescar na região metropolitana de São Paulo?
Isso depende da SABESP, em termos de parâmetro industrial, temos um controle de qualidade em vários pontos do Tietê, desde o início até os pontos de saída da capital e o grande desafio é cuidar do esgoto doméstico.
O rio começa ficar sujo depois da estação de tratamento da SABESP, o esgoto é coletado, tratado mas mesmo com esse tratamento, não fica limpo.

5) A mídia divulgou que em 2001/2012, teremos peixes no rio Pinheiros. O que a CETESB tem a dizer quanto a esta notícia? O Sr. já ouviu alguma coisa sobre esse assunto?
No rio Pinheiros além do esgoto cair no rio, temos um grande problema, as fontes difusas, isto é, pessoas que acabam jogando lixo pelas ruas, resíduos na calçada e quando chove, vai tudo para o rio.
Precisamos de uma conscientização das pessoas junto com uma ação do governo e a sociedade tem que se movimentar, não adianta a SOS MATA ATLÂNTICA começar uma campanha se não tiver ajuda da mídia e um trabalho de educação.
Hoje, já podemos ver crianças pedindo para seus pais não jogarem lixo nas ruas, isto já é um começo.

6) Quanto às represas Billings e Guarapiranga, de quem é a responsabilidade pela fiscalização das moradias que estão quase que dentro da água e certamente jogando esgoto direto nos manancias?
As prefeituras não possuem um planejamento e acaba não tendo fiscalização e acaba ocorrendo as invasões, mas também não é só a prefeitura que vai resolver o problema, isso são problemas sociais e econômicos que acabam levando as pessoas pra lugares como esses.

7) O Sr. fala que com todo esse investimento em tratamento e coleta, chegou-se apenas a 1/3 do que se poderia ter sido feito. Para a CETESB, qual é o principal problema para o andamento dessa obra?
Ainda tem muito pra melhorar, não foi um problema de falta de vontade e sim de falta de recursos, esse é um projeto de valor muito alto.
Para abastecer a região metropolitana de São Paulo, a Sabesp busca água de cidades vizinhas e até de Minas Gerais e é um valor muito alto e depois precisa coletar e tratar o esgoto, que também é outro fator que precisa de muito dinheiro.

8) Na 2º fase do projeto existiam 290 indústrias para serem monitoradas entre elas, supermercados e shoppings. Como sabemos isso não foi realizado. O que aconteceu exatamente?
As 290 empresas seriam selecionadas pela SABESP e que preferencialmente seria na região do rio Pinheiros que é o foco principal do projeto.
A SABESP queria colocar no contrato empresas que não são licensiadas pela CETESB para a mesma fazer as avaliações e essas empresas são de difícil caracterização e assim, não chegamos a um consenso.

RAMON VICENTE RUIZ BUSIZ